

A adulteração de bebidas com metanol criou um forte clima de desconfiança entre os consumidores, especialmente em bares e casas noturnas.
O país já registra 41 casos confirmados de intoxicação por metanol, além de 107 em investigação e 469 descartados. Também foram confirmadas oito mortes — seis em São Paulo e duas em Pernambuco. Outros 10 óbitos ainda estão sob análise.
Apesar de a maior parte dos casos estar concentrada em São Paulo, no entanto, o estado estava entre os que foram menos afetados em termos de venda, com uma queda de 2,7% em setembro.
Segundo o economista da Stone, Guilherme Freitas, esse resultado pode estar relacionado à diversidade do mercado paulista, que oferece mais opções de refeições e serviços de delivery. Esse cenário ajudou a amortecer o impacto da crise.
Entretanto, ele observa que os casos de intoxicação só começaram a ganhar destaque na segunda metade de setembro. Ou seja, os efeitos sobre o consumo ainda são limitados nos dados consolidados pelo levantamento.
O presidente da entidade reforçou que "não há registro de nenhuma garrafa contaminada com metanol identificada em bares ou restaurantes do Brasil" até o momento.
Para ele, essa constatação ajudou a aliviar a tensão e a reafirmar a confiança no setor formal, embora os reflexos da crise tenham sido sentidos de forma imediata.
“Os bares especializados em drinks com destilados sofreram uma queda de movimento entre 20% e 25%”.
Além da crise sanitária, o índice revela que o ambiente econômico segue desafiador para o setor. Isso porque a inflação acumulada no segmento de alimentação fora do lar continua elevada — o que pressiona os custos e encarece o tíquete médio.
Esse cenário, segundo o economista da Stone, também acaba afastando parte dos consumidores desses estabelecimentos."A gente vê a inflação fora do domicílio acumulada em 12 meses já em 8,24%, enquanto o IPCA geral está em 5,17%".
Paralelamente, o endividamento das famílias brasileiras também permanece alto, o que limita os gastos com itens considerados não essenciais. Além disso, com uma baixa taxa de desemprego, o ritmo de geração de vagas formais perdeu força.
"Dados do Banco Central mostram que cerca 28% da renda das famílias está sendo gasto só para pagar dívidas", diz Freitas, da Stone.
Segundo ele, ainda é cedo para cravar a magnitude do impacto — especialmente ao considerar o porte e o modelo dos negócios.
"Como o primeiro fim de semana com a crise já estabelecida foi o de 4 e 5 de outubro, essa segmentação mais fina ficará mais clara com a leitura de outubro em si", explica.
Freitas destaca que, em setembro, o efeito aparece de forma parcial no dado agregado e é mais influenciado pelo contexto macroeconômico do que pela crise do metanol em si.
Entre os 24 estados analisados, apenas Maranhão (2,6%) e Mato Grosso do Sul (1%) apresentaram crescimento nas vendas.
Já as maiores quedas foram registradas em Roraima (11,5%), Pará (9,9%), Rio de Janeiro e Santa Catarina (7,6%), além de Paraíba e Sergipe (7%).