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Vídeos bem produzidos, anúncios de sorteios de casas e carros, além de malas de dinheiro. É assim que influenciadores digitais chamam a atenção dos seguidores. Para a polícia, é tudo uma fraude e o dinheiro é cenográfico. O casal de influenciadores Gladison Pieri e Pâmela Pavão são de Canoas, no Rio Grande do Sul, e foram presos em um apartamento de luxo em Balneário Camboriú, Santa Catarina. No local, foram encontrados joias, artigos de grife e uma mala transparente cheia de dinheiro. Os dois ostentavam nas redes sociais. Nos endereços ligados ao casal, na grande Porto Alegre, a polícia apreendeu 49 carros de luxo. As autoridades suspeitam que parte desse patrimônio seja fruto de crime: sorteios de rifas ilegais vendidas em sites da internet por valores irrisórios. O casal de influenciadores Gladison Pieri e Pâmela Pavão investigados por crimes contra a economia popular, jogos de azar, lavagem de dinheiro e associação criminosa — Foto: Foto: Reprodução/TV Globo Os crimes apurados são contra a economia popular, jogos de azar, lavagem de dinheiro e associação criminosa. Os valores que eram angariados por meio das compras dos números dos sorteios geraram em torno de R$ 10 a R$ 11 milhões. Como funciona o golpe? Na operação de busca da última semana, Gladison acabou preso por manter uma arma ilegal em casa. Ele pagou fiança de R$ 60 mil e foi liberado. Segundo a polícia, no mesmo dia ele e a esposa Pâmela voltaram a anunciar sorteio, incluindo de um carro de luxo apreendido pelas autoridades. Na última sexta-feira, a Justiça decretou a prisão preventiva de Gladison e Pâmela, mas a medida foi revogada e medidas restritivas foram impostas a ambos. A polícia diz que comprovou o crime de lavagem de dinheiro e contravenção penal, além de continuar a investigação sobre os prêmios em dinheiro, casas e automóveis eram realmente entregues aos compradores das rifas. "Os ganhadores, alguns deles, têm vínculos pessoais com os investigados. Eles receberam, inclusive, valores nos dias dos sorteios. Valores em suas contas, além do bem sorteado", completa o delegado. Um promotor investiga os sites usados para hospedar sorteios das rifas. Numa simulação rápida, foi possível montar uma rifa fictícia de carro onde o vencedor definido era o próprio repórter. "A segurança desses sites é muito frágil. Ele propicia uma série de fraudes em relação às rifas. O organizador consegue, por exemplo, determinar se vai ter um vencedor ou não", explica o promotor. Por nota, a defesa de Gladison Pâmela Pavão informou que "há um desconhecimento técnico por parte das autoridades quanto aos sorteios e que os fatos serão esclarecidos durante a investigação'. Em Goiás, segundo a polícia, outro tipo de sorteio movimentou ilegalmente R$ 27 milhões em dois anos. Os sorteios aconteciam ao vivo na internet, e era divulgado por famosos como Sheila Mello e Henri Castelli. Segundo a polícia, tanto os atores quanto os apresentadores dos sorteios não tiveram qualquer envolvimento com o golpe. Os investigadores afirmaram ainda que profissionais foram enganados pelos criminosos. Procurados, os artistas e apresentadores não se manifestaram. Cada cartela custa R$ 15 e, na teoria, quem acertasse todas as dezenas levava o prêmio. Na realidade, segundo a polícia, o sorteio era manipulado. Em uma das gravações obtidas pela investigação, os criminosos explicam como os falsos ganhadores eram contratados para mentir. (Veja no vídeo acima). Rosilene é uma dessas ganhadoras contratadas pela quadrilha. Ela conta que foi contactada um dia antes do sorteio, e foi oferecido de R$ 800 a R$ 1 mil para ela fingir que tinha levado a bolada. A produção do Fantástico não conseguiu entrar em contato com a defesa de Rosilene, que vai responder por estelionato. Em Goiás, a polícia prendeu nove integrantes da organização criminosa. Estão presos: Alessandro Oliveira Leal, Paulo Rogério Vieira, Marcilio Pereira dos Santos. A defesa de Paulo Rogério Vieira informou por nota que "acredita na inocência dele e que a verdade prevalecerá ao longo do processo judicial". Também por nota, a defesa de Marcílio Pereira dos Santos diz que “espera que as provas apresentadas sejam reconhecidas como insuficientes para a condenação de seu cliente”. Os advogados de Alessandro Oliveira Leal disseram que ele “nega as acusações e que todas as medidas jurídicas estão sendo tomadas para corrigir o equívoco investigatório e processual em relação a ele”.
"Anunciar um veículo que está apreendido, descumprir uma ordem judicial, que é continuar com aquela atividade ilícita, é uma afronta ao sistema de justiça criminal", diz o delegado Cristiano de Castro Reschke, de Canoas (RS).
Golpe em Goiás